22/02/2024 às 10h59
O ex-jogador da seleção brasileira Daniel Alves foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro nesta quinta-feira (22). A sentença foi anunciada pelo tribunal de Barcelona e diz que foi comprovado que o brasileiro agrediu e abusou da mulher no banheiro da boate Sutton, em 2022.
A condenação foi dada pela juíza Isabel Delgado na 21ª Seção de Audiência de Barcelona. Daniel Alves chegou ao local por volta das 10h (6h no horário de Brasília) e todas as partes envolvidas no processo contra o jogador estavam presentes: a promotora, Elisabet Jiménez; a promotora e advogada da denunciante, Ester García; e a defesa e advogada de Daniel, Inés Guardiola.
Veja abaixo os principais pontos da sentença de Daniel Alves:
A resolução explica que "para a existência de agressão sexual não é necessário que ocorram lesões físicas, nem que haja uma oposição heroica por parte da vítima em manter relações sexuais".
Além disso, especifica que "no presente caso, encontramo-nos ainda com lesões na vítima, que tornam mais do que evidente a existência de violência para forçar sua vontade, com a subsequente penetração sexual que não é negada pelo acusado".
Entre outros pontos, a sentença afirma que:
A sentença, de 61 páginas, diz que o tribunal considera provado que "o acusado agarrou bruscamente a denunciante, a derrubou ao chão e, impedindo-a de se mover, penetrou-a vaginalmente, apesar de a denunciante dizer que não, que queria ir embora". Com isso, entende que "com isso se configura a ausência de consentimento, com o uso de violência, e com acesso carnal".
O julgamento de Alves durou três dias e terminou no dia 7 de fevereiro, quando o jogador prestou depoimento. Na sessão, ele chorou e negou a agressão sexual. Disse ainda que a relação com a denunciante foi consensual.
À época, a defesa de Daniel Alves pedia a liberdade condicional e a absolvição dele. Já o Ministério Público local pedia nove anos de prisão, enquanto a defesa da denunciante queria uma sentença de 12 anos de encarceramento.
No total, 28 testemunhas, indicadas pela defesa e pela acusação, foram convocadas pela Justiça espanhola para os depoimentos. A mãe do ex-jogador também participou do julgamento. Lucia Alves, que foi a primeira a chegar ao Tribunal, foi convocada como testemunha.
Antes do começo do julgamento, Daniel Alves apresentou quatro versões sobre o que aconteceu na boate Sutton. Durante o julgamento, ele contou algo diferente: pela primeira vez, afirmou que estava muito embriagado.
Veja abaixo os diferentes relatos que ele já deu sobre o caso.
No primeiro dia de julgamento, a defesa de Daniel Alves pediu (e conseguiu) que o jogador fosse o último a depor. O jogador, que está em prisão preventiva há mais de um ano, acompanhou a audiência no Tribunal de Barcelona. Ele não estava algemado. Esta foi a primeira vez que ele apareceu publicamente desde que foi preso, em 20 de janeiro de 2023.
A mulher que acusa Daniel Alves prestou depoimento por cerca de uma hora. Ela estava acompanhada de psicólogos e falou aos juízes na mesma sala em que o jogador estava, mas os dois não tiveram contato visual. A imprensa foi proibida de acompanhar o depoimento.
A imprensa espanhola, com base em fontes judiciais, informou que a denunciante manteve sua versão original, a de que foi estuprada pelo ex-jogador. Uma amiga dela também foi ouvida na segunda-feira. Ela disse que Daniel Alves teve um comportamento agressivo e ejaculou dentro da denunciante.
Também no primeiro dia, a advogada de Daniel Alves, Inés Guardiola, afirmou que o jogador se diz vítima de um "tribunal paralelo", criado , segundo ele, pela opinião pública. A defesa pediu a anulação do julgamento, alegando que a juíza responsável pelo caso não aceitou que um segundo perito examinasse a vítima.
A advogada solicitou também que novos testes fossem realizados e, só depois disso, que o julgamento fosse retomado. A juíza não acatou o pedido, e a Promotoria contestou na sessão que todos os direitos do acusado foram preservados.
Também prestaram depoimento no primeiro dia uma amiga e uma prima da denunciante. Elas falaram na condição de testemunhas. As duas mulheres acusaram Daniel Alves de as apalpar na mesma noite em que a amiga delas denunciou o estupro.
A modelo espanhola Joana Sanz, esposa de Daniel Alves, prestou depoimento no segundo dia. A imprensa local, que acompanha os depoimentos, informou que a mulher do atleta disse aos juízes que, na madrugada de 31 de dezembro de 2022 (pelo horário local), o marido saiu para jantar com amigos.
Segundo Joana, Daniel Alves voltou para casa por volta das 4h e muito embriagado. Ela disse ainda que ele "bateu no armário e caiu na cama".
O depoimento de Joana foi um pedido da defesa do jogador. A expectativa, portanto, era que ela falasse a favor do marido. De acordo com a imprensa espanhola, a modelo pediu divórcio de Daniel Alves ainda no ano passado, após a prisão preventiva dele. A advogada do jogador negou a informação.
Bruno Brasil, o amigo que estava com Daniel Alves no momento em que ele abordou a jovem espanhola na boate, também prestou depoimento na terça. Disse que não viu a vítima chorar nem manifestar desconforto após sair do banheiro onde, segundo ela, ocorreu o estupro.
No depoimento, Bruno afirmou que Daniel Alves e a denunciante "dançaram com respeito" e que houve uma "química respeitosa" entre os dois.
Dia do depoimento de Daniel Alves à Justiça. Ao responder a perguntas de sua advogada, o jogador chorou e afirmou que bebeu excessivamente na madrugada de 31 de dezembro de 2022. De acordo com o relato do jornal "Marca", o brasileiro chorou bastante, a ponto de ter dificuldade para completar as frases.
Daniel Alves afirmou ainda que não é um homem violento e que não forçou a denunciante a acompanhá-lo ao banheiro. Disse que mentiu na primeira versão, quando afirmou que não teve contato nenhum com a espanhola. A decisão seria para evitar que sua esposa soubesse.
No depoimento, Daniel Alves afirmou que chegou às 2h30 da madrugada na boate e que haviam mudado o camarote que ele deveria ocupar.
O jogador declarou que dançou por um tempo com duas mulheres e que depois convidou outras três -- entre elas, a denunciante.
Daniel Alves disse que só soube pela imprensa que era acusado de estupro e que está praticamente arruinado, porque suas contas bancárias foram bloqueadas e ele perdeu contratos no Brasil.
Após a fala de Daniel Alves, representantes do Ministério Público e a advogada de defesa expuseram seus argumentos pela última vez.
fonte: gazetaweb
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